Tomados pela nova rodada do Datafolha, Lula (49%) e Bolsonaro (44%) chegam ao debate da Rede Globo, na noite desta sexta-feira, em condições bem distintas. Com cinco pontos de desvantagem, um a mais em relação à pesquisa da semana passada, Bolsonaro precisa derrotar o adversário de goleada. Lula, ao contrário, pode administrar a vantagem. Joga pelo zero a zero.
Com 92% dos eleitores dizendo ter certeza do voto, a hipótese de petistas e bolsonaristas virarem a casaca a 48 horas da eleição é tão improvável quanto a chance de um corintiano sentar praça torcida organizada Mancha Verde. Ou de um palmeirense ingressar na Gaviões Fiel. Na prática Lula e Bolsonaro disputam o voto dos 7% de eleitores que admitem mudar de opção até domingo.
Em desvantagem, Bolsonaro precisaria atrair para o seu lado praticamente todo o contingente de eleitores voláteis. Algo bastante improvável. O Datafolha verificou que os eleitores gelatinosos tendem a se dispersar. Nesse nicho, apenas 21% flertam com Bolsonaro. Outros 15% pendem para Lula. A grossa maioria, 59%, cogita engrossar as estatísticas do voto nulo ou branco. E uma minoria de 5% declara não ter a mais remota ideia de como irá proceder.
Lula chega ao debate com a campanha mais aprumada do que a de Bolsonaro. Na segunda-feira, em encontro suprapartidário no teatro da PUC, em São Paulo, prometeu que, se eleito, não fará "um governo do PT". Acenou com uma gestão que vá "além do PT". Nesta quinta, Lula começou a trocar o cheque em branco por promissórias, colocando sobre a mesa uma plataforma com 13 pontos.
Bolsonaro reduziu a perspectiva de virar votos ao expor seus pendores para virar a mesa. Para se esquivar dos planos radioativos de Paulo Guedes e das granadas do aliado Roberto Jefferson, jogou no ventilador um complô imaginário do PT com o TSE e emissoras de rádio para sumir com inserções da sua publicidade eleitoral. Ao deflagrar antecipadamente o terceiro turno, passou a impressão de ter desistido do eleitor.
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