A defesa do delegado da Polícia Federal Bruno Calandrini pediu à Justiça Federal de Brasília o trancamento do inquérito aberto pela Corregedoria do órgão contra o policial. O objeto da investigação são supostos atos de abuso de autoridade. Os advogados argumentam que a apuração foi aberta pela PF com o objetivo de, ao final, afastá-lo da investigação sobre um esquema de corrupção na gestão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e que também atinge Bolsonaro.
O inquérito foi instaurado pela Corregedoria depois que Calandrini indiciou integrantes da cúpula da PF sob acusação de interferência no cumprimento da prisão de Ribeiro, em junho. A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, relatora do caso, determinou que essa parte da investigação tramite na primeira instância.
Depois dessa decisão, a Corregedoria retirou esse inquérito das mãos de Calandrini e vai refazer a investigação com o objetivo de apurar se havia provas para o indiciamento dos delegados ou se Calandrini cometeu atos de abuso de autoridade por não ter dado cópia dos autos aos investigados. A defesa de Calandrini afirma no habeas corpus que as cópias foram concedidas.
O pedido de trancamento do inquérito apresentado nesta quinta-feira em relação a Calandrini sustenta que não há elementos mínimos para investigá-lo por abuso de autoridade. A defesa diz que “o que parece existir é um interesse em afastar o paciente (Calandrini) das investigações e desmoralizar os atos investigatórios até então conduzidos".
"A esdrúxula situação conduziria à interpretação de que o expediente adotado foi direcionado ao afastamento do paciente da coordenação daquelas investigações, bem como sua intimidação e retaliação pelo cumprimento de seu dever, tudo a materializar indevida interferência nas investigações em curso”, dizem os advogados no documento.
O caso foi distribuído por prevenção à 15ª Vara Federal de Brasília, mesmo juízo que decretou em junho a prisão de Milton Ribeiro. Procurado, Calandrini disse que não iria se manifestar porque os fatos estão sob segredo de Justiça.
Também procurados, os advogados André Hespanhol e Ciro Chagas, que representam o delegado, confirmaram a apresentação do habeas corpus e afirmaram que tomaram a medida "para impedir a criminalização ilegal do delegado e garantir que seu dever de atuação não esteja sujeito a retaliações pelo eventual desagrado de autoridades que, como qualquer cidadão, estão sujeitas às leis do país".
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