quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Gestão Tabajara da campanha transforma o Apocalipse de Bolsonaro num traque



O terceiro turno começou antes do término do segundo. Na reta final, período em que deveria se concentrar na busca de votos de indecisos, Bolsonaro procura confusão. Como as Forças Armadas não encontraram duendes dentro das urnas eletrônicas e o Capitólio de Roberto Jefferson acabou em Bangu 8, o capitão e sua tropa aloprada fabricaram o "radiolão", uma fábula radiofônica. Nela, o petismo conspirou com donos de rádios para boicotar inserções publicitárias de Bolsonaro.

Já estava entendido que o presidente tramava o fim do mundo como reação a uma eventual derrota. O que não se supunha é que a campanha de Bolsonaro seria terceirizaria para as Organizações Tabajara, célebre criação do humorista Bussunda. Na noite de segunda-feira, o ministro Fábio Faria (Comunicações) denunciou a supressão de 154 mil inserções. Na terça, rebaixou da fraude para 12 mil áudios. A pseudoauditoria entregue ao TSE fala no sumiço de 730 inserções em oito emissoras de rádios. Vivo, Bussunda exclamaria: "Fala sééééééério!"

Alexandre de Moraes, o Xandão do TSE, rejeitou a ação da campanha de Bolsonaro, desqualificou a pretensa auditoria e qualificou a manobra tabajara de "crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana". Incluiu o caso no inquérito sobre milícias digitais, relatado por ele no Supremo Tribunal Federal. Denunciantes viraram investigados.

Horas antes, Bolsonaro já vociferava em Minas Gerais: "Sou vítima mais uma vez". Alguns de seus apologistas defendiam nas redes o adiamento das eleições. Horas depois, o presidente reuniu ministros e comandantes militares no Alvorada para proclamar à imprensa: "Iremos às últimas consequências", pois "isso obviamente interfere na quantidade de votos no final da linha".

Equívocos pontuais na veiculação de propaganda eleitoral ocorrem em todas as eleições. A fiscalização cabe aos partidos, não ao TSE. Eventuais falhas devem ser apontadas em 48 horas. As emissoras acusadas na fábula bolsonarista sustentam que a publicidade foi veiculada normalmente, exceto quando o partido do presidente deixou de enviar as peças. Na prática, o que a campanha de Bolsonaro fez foi uma autodenúncia. A gestão Tabajara da campanha transformou o Apocalipse de Bolsonaro num traque. Resta saber qual será a resposta do eleitor a um candidato que parece ter trocado a busca de votos pela procura de confusão.

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