quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Um novo vexame do tal "servidor do TSE" mais de 22 anos depois do primeiro



Quando veio a público o nome do tal jornalista, funcionário do TSE, que teria endossado a acusação, ela própria fraudulenta, de suposta fraude contra Bolsonaro envolvendo as rádios, eis que aquele nome — "Alexandre Gomes Machado" — acordou o grilo da memória. "Quem é mesmo? Quem é mesmo? Quem é mesmo?" Pimba!

Antes dos detalhes, vamos à nota divulgada pelo TSE sobre o trabalho de tão ínclita figura:

"O Tribunal Superior Eleitoral informa que a exoneração do servidor Alexandre Gomes Machado, que ocupava o cargo em comissão de confiança de Assessor (CJ-1) da Secretaria Judiciária, foi motivada por indicações de reiteradas práticas de assédio moral, inclusive por motivação política, que serão devidamente apuradas.
A reação do referido servidor foi, claramente, uma tentativa de evitar sua possível e futura responsabilização em processo administrativo que será imediatamente instaurado.
As alegações feitas pelo servidor em depoimento perante a Polícia Federal são falsas e criminosas e, igualmente, serão responsabilizadas.
Ao contrário do informado em depoimento, a chefia imediata do servidor esclarece que nunca houve nenhuma informação por parte do servidor de que "desde o ano 2018 tenha informado reiteradamente ao TSE de que existam falhas de fiscalização e acompanhamento na veiculação de inserções de propaganda eleitoral gratuita".
Se o servidor, no exercício de suas funções, identificou alguma falha nos procedimentos, deveria, segundo a lei, ter comunicado imediata e formalmente ao superior hierárquico, sob pena de responsabilização.
É importante reiterar que compete às emissoras de rádio e de televisão cumprirem o que determina a legislação eleitoral sobre a regular divulgação da propaganda eleitoral durante a campanha. É importante lembrar que não é função do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) distribuir o material a ser veiculado no horário gratuito. São as emissoras de rádio e de televisão que devem se planejar para ter acesso às mídias e divulgá-las, e cabe aos candidatos o dever de fiscalização, seguindo as regras estabelecidas na Resolução TSE nº 23.610/2019."

RETOMO
Alexandre Gomes Machado tem história. Não preciso reescrever o que Renata Lo Prete, então ombudsman da Folha, retratou com perfeição em texto publicado no dia 6 de agosto de 2000.

Machado foi o protagonista de uma correção histórica que o "Correio Braziliense" teve de fazer. Vinte e dois anos depois, ele volta a ser notícia por maus motivos. Leiam a síntese de Renata, hoje âncora do "Jornal da Globo".
*
As duas capas reproduzidas acima mostram o que de mais grave pode acontecer dentro de uma Redação: manchete errada. Não uma qualquer, de página interna, mas A manchete do jornal. Não um erro de interpretação ou de informação secundária, mas O erro original. Ficção.

Na quinta-feira, sob o título "O Grande Negócio de Jorge" (Eduardo), o "Correio Braziliense" noticiou que a empresa DBO Direct tinha um contrato de R$ 120 milhões com o Banco do Brasil para testar um sistema de transmissão de dados, e que por trás da DBO havia uma outra empresa, a DTC, da qual o ex-secretário-geral da Presidência foi sócio até duas semanas atrás.

Desmentidos do banco e da DTC levaram a verificações que resultaram no seguinte:

a) a DTC não tem vínculo com a DBO;

b) a DBO (que na verdade se chama BDO e não fica em Curitiba, como havia dito o jornal, mas em São Paulo) não tem contrato com o BB. O serviço mencionado na reportagem está sendo feito por funcionários do banco.

Do que havia sido informado sobreviveram apenas o nome do proprietário da DTC e o fato de que Eduardo Jorge foi sócio da empresa. Mas nisso não havia notícia, que dirá manchete.

Publicada na sexta-feira, a retratação incluiu, além das notas do banco e da DTC, textos do editor-executivo, André Petry, e do autor da reportagem, Alexandre Machado.

"Quero pedir desculpas pelo erro que, sob minha responsabilidade, foi cometido", escreveu o primeiro.

O segundo disse ter ouvido a história de uma pessoa que o procurou. Reconheceu tê-la redigido sem entrevistar ninguém da DTC ou da BDO, e menosprezando informações em contrário fornecidas por um consultor de informática indicado pelo BB para falar sobre o assunto.

"Errei por ter confiado em uma única fonte, sem qualquer documento que garantisse a veracidade do que ouvi. E sem ter procurado checar por outros meios a história contada. Errei por ter me apressado a publicar o que ainda não tinha como comprovar."

O absurdo do procedimento foi reconhecido sem meias palavras pelo diretor de Redação do "Correio", Ricardo Noblat. "Só posso imaginar que houve um acesso coletivo de burrice, em que as regras mais primárias do jornalismo foram desrespeitadas", disse ele à ombudsman.

Noblat sabia que o jornal trabalhava em uma reportagem sobre Eduardo Jorge e o Banco do Brasil, mas estava fora quando o material foi concluído, na noite de quarta-feira. Ressalta que não pretende, com esse esclarecimento, eximir-se de responsabilidade.

No trecho final de documento dirigido à Redação, o diretor recomendou a todos a releitura do código de ética que o "Correio" tem desde 1998.

Embora espetacular, o erro não é a única coisa a chamar atenção neste episódio. O leitor não terá visto muitas vezes — se é que viu alguma — reconhecimento tão desprovido de rodeios quanto o da manchete de sexta-feira: "O Correio errou".

Pode-se argumentar que a absoluta fantasia da reportagem exigia providência à altura. Ou que, se recorresse a subterfúgios, o jornal poderia esperar o pior de uma eventual ação na Justiça. Ou ainda que a atitude não diminui a gravidade da falha.

Tudo verdade. Ainda assim, o grau de transparência é tão raro quanto bem-vindo. Quando não há como evitar correção de tamanha visibilidade, o mais frequente é usar o título para restabelecer os fatos, deixando em letras menores a verdadeira notícia, ou seja, o erro.

RETOMO
Na sequência, Renata faz considerações elogiosas sobre a disposição do jornal de admitir o erro sem subterfúgios -- uma obrigação nossa, claro!, mas nem sempre cumprida.

André Petry e Ricardo Noblat, superiores do dito-cujo no jornal, dividem a responsabilidade porque, afinal, pertenciam à cadeia de comando. Mas é claro que editor-executivo e diretor de redação confiavam no seu repórter, não é mesmo? É um ato de dignidade profissional não se eximir. Mas sabiam não ter culpa nenhuma.

E como é que o tal Machado fez acusação tão grave a Eduardo Jorge? Qual foi o seu procedimento? Candidamente, ele confessou:
"Errei por ter confiado em uma única fonte, sem qualquer documento que garantisse a veracidade do que ouvi. E sem ter procurado checar por outros meios a história contada. Errei por ter me apressado a publicar o que ainda não tinha como comprovar."

São palavras estarrecedoras vindas, então, de um repórter.

Não parece que tenha aprimorado as suas práticas trabalhando num órgão público. E continua, pelo visto, tentando comprometer seus superiores.

A rádio JM Online, que seria exemplo da manipulação em favor de Lula, segundo o denunciante, pertence à empresária bolsonarista Lídia Prata Ciabotti, com militância muito firme das redes em favor do presidente e de outras expressões da direita.

As rádios citadas pela auditoria picareta — oito ao todo — já demonstraram que o relatório está errado. No caso da rádio que pertence à bolsonarista e que serviu de pretexto para a intervenção do tal Machado, uma coisa patética: o PL deixou de entregar o material. E Lídia deve saber que é verdade.

ENCERRO
Que coisa esse Machado! Seu vexame já tinha sido esquecido. Ele deu a oportunidade para que fosse lembrado mais de 22 anos depois. E com um novo vexame.

Deus me livre! Nem é uma loucura que alguém possa fazer no começo de carreira, né? Já é coisa da fase outonal. Sem ter aprendido nada. Não deixa de ser triste.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O administrador do Blog não se responsabiliza pelos comentários de terceiros.