Em dez dias, o país saberá o que se esconde atrás do sigilo de cem anos que serve de biombo para Eduardo Pazuello. A Controladoria-Geral da União derrubou o segredo. Será divulgado o "inteiro teor" do processo administrativo em que o Exército suicidou suas normas disciplinares para salvar Pazuello de uma punição por indisciplina. A decisão veio bem, mas chegou tarde.
Pazuello agora é deputado federal. Foi o segundo mais votado do Rio de Janeiro. Obteve mais de 205 mil votos. Repetindo: depois de estrelar uma gestão ruinosa no Ministério da Saúde, o general foi premiado pelo eleitorado fluminense com o título de vice-campeão na corrida pelo voto. Avacalhação, quando vence eleição, passa a agir como se tivesse cem anos de perdão.
Sabe-se que o agora deputado sapateou sobre a regra que proíbe generais da ativa de participar de atos políticos. Quando ainda estava no serviço ativo, ornamentou uma motociata de Bolsonaro na orla de Copacabana. Escalou um palanque ao lado do capitão. Embora não tivesse muito a dizer, fez questão de expressar em palavras o oco de sua retórica.
O Exército se absteve de cumprir a obrigação de punir o general. Abriu sindicância, mas não impôs uma mísera sanção. Prevaleceu a tese segundo a qual Pazuello se fantasiou de político por ordem de Bolsonaro, que era o chefe supremo das Forças Armadas. Alegou-se, de resto, que o evento nem poderia ser considerado como um ato político, pois Bolsonaro ainda não estava filiado a nenhum partido.
Nenhuma aberração escondida no processo disciplinar que não disciplinou Pazuello pode ser mais constrangedora do que tudo o que já está na cara. As Forças Armadas deixaram que Bolsonaro as anarquizasse. Pazuello agora está pouco se lixando. Recebeu do eleitorado do Rio um salvo-conduto, uma espécie de deixa-pra-lá-preventivo. Nada mais lhe importa. Toda perversão já foi perdoada.
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