segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Vacina de Lula chama atenção porque Brasil se desacostumou de ter governo



Espantosa época a nossa, em que a notícia sobre a presença do presidente da República no lançamento de uma campanha nacional de vacinação, nesta segunda-feira, é ornamentada com pontos de exclamação. O contraste produzido por Lula ao tomar mais uma dose de reforço da vacina contra Covid é uma evidência do ilógico que presidiu o Brasil nos últimos quatro anos. A atitude de Lula chama a atenção porque Bolsonaro havia desacostumado o brasileiro de ter governo.

A imagem de um presidente cedendo o braço para receber sob holofotes uma dose de vacina é apenas um bom começo. A reconstrução do Programa Nacional de Imunizações exigirá trabalho árduo, contínuo e lento. Levantamento feito no final do ano passado pela Confederação Nacional dos Municípios mostrou que o desgoverno produziu estrago profundo. É desolador, por exemplo, o estágio em que se encontra a vacinação infantil.

Cerca de 70% das cidades brasileiras não atingiram as metas de imunização para as crianças em 2021. No caso da vacina BCG, que imuniza contra a tuberculose, apenas 22% das cidades atingiram a meta de vacinação. Na vacina pentavalente —contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e influenza), o percentual foi de 27,1%.

No ano passado, quando o Ministério da Saúde farejou índice de imunização contra poliomielite ao redor de 63%, bem abaixo da meta de vacinar 95% das crianças, o então ministro da Saúde, o coronel de jaleco Marcelo Queiroga, viu-se compelido a admitir que o Brasil voltara a frequentar a zona de risco para a reintrodução da polio.

Mais do que uma campanha, Nísia Trindade, a nova ministra da Saúde, planejou um movimento nacional pela vacinação. Deseja-se ampliar a cobertura de todas as vacinas. Agora, a vacina bivalente da Pfizer contra a Covid. Em abril, a vacina contra influenza. Em Maio, vacinas contra poliomielite e sarampo serão levadas às escolas.

Para que o movimento seja completo, é preciso vacinar o Brasil contra a impunidade. A reincidência com que Bolsonaro ameaça o Brasil mesmo fora da Presidência e do país emite um atestado da inconsequência nacional.

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