quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Bolsonaro prepara truque de ilusionismo antes de volta ao Brasil



Depois de executar um número de desaparecimento no fim do ano passado, Jair Bolsonaro prepara mais um truque de ilusionismo. Ao anunciar que pretende voltar ao Brasil em março para atuar como líder da oposição a Lula, o ex-presidente mostrou que gostaria de convencer o país a esquecer parte de seus crimes.

A entrevista de Bolsonaro ao americano The Wall Street Journal pareceu parte de um esforço para repaginar alguns de seus atos no poder. Antes de pisar em solo brasileiro, o ex-presidente tentou desfazer conexões com o golpismo de 8 de janeiro, ajustou o tom dos ataques à eleição e simulou ponderação ao revisitar sua gestão da pandemia.

As declarações de Bolsonaro poderiam ser interpretadas como uma espécie de defesa prévia em três assuntos que representam algumas das maiores ameaças a sua força eleitoral, seus direitos políticos e, em última instância, sua liberdade.

Na entrevista, Bolsonaro repetiu uma tática da última campanha e disse que, se tivesse que liderar o país novamente na pandemia, "não diria nada" e deixaria o assunto nas mãos do Ministério da Saúde.

Aliados têm convicção de que a conduta do ex-presidente naquele período foi uma das principais razões de sua derrota em 2022 e acreditam que ele precisa se livrar desse peso para preservar sua carreira eleitoral. Além disso, investigações criminais sobre a atuação de Bolsonaro se tornaram um risco maior depois que ele perdeu o foro especial.

O ex-presidente também quis disfarçar seu histórico de ataque às eleições e afirmou que só critica o processo por considerá-lo parcial. "Não estou dizendo que houve fraude", declarou, depois de anos falando em fraude. Para se desvincular da tentativa de golpe bolsonarista, alegou que "nem estava lá" e acrescentou que "eles" querem culpá-lo.

Bolsonaro deve saber que não consegue enganar a Justiça com esses disfarces. "Uma ordem de prisão pode vir do nada", desabafou. Ainda assim, ele tentará posar de injustiçado para manter apoio político.

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