Em campanha, Lula chamou Arthur Lira de "imperador do Japão", acusou-o de comprar votos dos deputados com o orçamento secreto e declarou que Bolsonaro não passava de bobo da Corte. Agora, o PT apoia a recondução do imperador ao comando da Câmara, blindando o orçamento secreto. Se o Supremo Tribunal Federal não declarar a inconstitucionalidade das emendas sigilosas, Lula se arrisca a vir suceder Bolsonaro também no papel de bobo.
O PT chega com atraso ao bonde de Lira. A essa altura, o chefão do centrão já negociou com o PL de Bolsonaro e o União Brasil um revezamento nos próximos dois anos no comando da comissão mais cobiçada da Câmara: a de Constituição e Justiça. O PT negocia a formação de um bloco governista para tentar disputar os melhores assentos nas comissões e na mesa diretora da Câmara.
Partidos que já se associaram a Lira enxergam no assédio do PT uma perspectiva de conquistar postos no futuro governo. Segundo o deputado petista José Guimarães, o apoio a Arthur Lira "já está explícito" e deve ser visto como parte do esforço do governo de transição para assegurar "governabilidade" à terceira gestão de Lula.
Sem fazer política, nenhum governo sai do lugar. Mas o vocábulo governabilidade virou sinônimo de alianças espúrias e tolerância com os maus costumes. Uma vez restabelecida a atmosfera de toma lá, dá cá, seria conveniente esclarecer o que a turma do patrimonialismo deseja tomar e o que Lula se dispõe a dar.
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