sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Ausência de Mantega preencherá uma lacuna no governo de transição de Lula


Guido Mantega em entrevista à GloboNews Imagem: Reprodução

Guido Mantega é um economista cheio de si. Parece imaginar que, se lhe dessem a atribuição de reformar o Cosmos, melhoraria no dia seguinte o giro das galáxias. No gabinete de transição do governo Lula, rodou antes de esquentar a cadeira. Na carta em que pediu para sair, sustentou que sua presença era "explorada pelos adversários." Gente interessada em "tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo." A alegação é enganosa, confusa e ofensiva.

Engana porque, manuseando uma meia verdade, Mantega aproveitou justamente a metade que é mentirosa. Não chegou a integrar formalmente a equipe de transição, pois decisão do TCU o impede de ocupar funções públicas até 2030. Era voluntário. Confunde porque alguém com o histórico de Mantega dispensa adversários. Ofende porque o único a criar dificuldades para o futuro governo foi o próprio Mantega.

Ex-ministro da Fazenda, Mantega é identificado com a ruína da Presidência de Dilma. Sua chegada à transição provocou ojeriza em quem tem memória. Apressou-se em negar a pretensão de retornar à Esplanada dos Ministérios. "Saio dessa vanguarda e fico na retaguarda, ajudando com conselhos e tudo mais".

Mantega achou que seria uma boa ideia dar joelhadas no economista Ilan Goldfajn, indicado pelo Posto Ipiranga Paulo Guedes como candidato do Brasil à presidência do BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Mantega contou ter enviado carta à instituição desaconselhando a escolha. Desrespeitou uma unanimidade.

Excetuando-se Mantega, não há na praça quem se anime a criticar Ilan Goldfajn. Brilhou como presidente do Banco Central no ruinoso governo de Michel Temer. Vai à disputa pelo comando do BID, no domingo, como um dos favoritos.

Ironicamente, Ilan expôs numa apresentação ao conselho do BID pontos de vista que ornam com a plataforma de Lula. Enrolou-se em bandeiras como a prioridade à emergência climática e o combate à pobreza.

Chefe da transição, Geraldo Alckmin aceitou a carta de afastamento de Mantega com a velocidade de um raio. A ausência do ex-ministro petista preencherá uma lacuna no governo de transição. Excessivamente cheio de si, Mantega revelou-se demasiadamente vazio.

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