Não me venha com adversativas: “Acabou, mas...” Não me venha com pessimismo: “Ainda não...” Não me venha com pânico desmesurado: “Olha o golpe aí...” Não me venha com catastrofismo futuro: “Pode voltar daqui a quatro anos”. Rejubilem-se! Louvai o Brasil gigante pela Natureza e pelo voto! Glória nas alturas! Ou, sejamos laicos e contemporâneos: Já é!
Ufa. Acabou. Não me peça para aderir a abaixo-assinados contra o nazismo tupiniquim. Não vou valorizar esse bando que nem sequer representa a direita no Brasil. A maioria daqueles fanáticos no Sul maravilha talvez nem saiba que o braço estendido na frente quer dizer sieg heil, salve a vitória, do Hitler, aquele cara com um penteado que inspirou imitadores no Planalto. A manifestação era de derrotados. Já imaginou se tivessem vencido a eleição?
Ufa. Acabou a lavagem cerebral. Precisamos explicar aos ensandecidos que eles foram iludidos, manipulados. Tem tempo. Marchar com a bandeira do Brasil e a camisa do Neymar, ajoelhar-se e bater no peito agradecendo a “prisão” de Alexandre de Moraes, pedir intervenção militar cantando Vandré e depois reclamar dos militares...É a ostentação da loucura, baixou o sanatório geral. Milhões de eleitores vencidos vão pensar, constrangidos: será que me identifico com eles?
Ufa. Acabou. Caminhoneiros retornam aos poucos às boleias, aceleram rumo à normalidade e de volta a suas famílias. Desistem de ser tachados de inimigos da pátria, ao prejudicar pais, mães, avós, crianças, trabalhadores, enfermos. Por um mitômano entrincheirado no Palácio. Não acham sensato enfrentar os Gaviões da Fiel, a Galoucura. Esses caminhoneiros são minoria na categoria. Talvez muitos nem sejam caminhoneiros de verdade. Quem financiou e organizou essas badernas simultâneas pelo país? Let’s follow the money.
Ufa. Acabou a idolatria das armas, a sem-cerimônia dos CACs e dos que se fingem colecionadores e caçadores. Acabou essa lambança de sair atirando em festa de adversário político ou em bares. A destrambelhada Carla Zambelli vai parar de dar seu showzinho com arma em punho pelas ruas.
Ufa. Acabou a ostentação da burrice. Quem ouviu os discursos do presidente eleito Lula percebeu a diferença colossal com o derrotado, ao menos nas intenções. Lula formou uma frente ampla. Estendeu a mão aos derrotados. Valorizou as mulheres. Rejeitou preconceitos. Racismo, misoginia, xenofobia. Mostrou compaixão pelos pobres e desassistidos. Condenou a fome. Prometeu mais Educação. Vamos cobrar? Muito. Mas a ostentação da asneira foi derrotada.
Ufa. Acabou. Cadê a Michelle, a esposa em treinamento para virar santa do pau oco? Antes que você se escandalize e ache chulo, saiba que “santo do pau oco é uma expressão popular para pessoas dissimuladas, que usam imagens de santo para esconder ouro e escapar do fisco”. Ouro, cheques, imóveis. No discurso do tchau, a mulher ao lado de Bolsonaro, a única aliás, era Cristiane Britto, ministra ninguém-sabe-do-quê.
Ufa. Acabou a guerra contra a Amazônia. O País reagiu, nas urnas, aos crimes ambientais, ao garimpo ilegal, à devastação institucionalizada, à passagem da boiada para abafar as ilegalidades na floresta. Tanto é assim que a Noruega já liberou fundos bloqueados. Alemanha também vai ajudar. E Lula, dois meses antes da posse, foi convidado para a conferência sobre o clima no Egito. Isso é testemunho universal da relevância de Lula. E da irrelevância do que já vai embora.
Ufa. Acabou. Acabou o isolamento do Brasil no mundo. Acabou a fama de pária. Chefes de Estado disputaram a primazia de parabenizar Lula. Quem esperou que o derrotado reconhecesse algo? Estados Unidos, Europa e América Latina, ninguém aguardou para ouvir os dois minutos de discurso. O infame se tornou irrelevante, a não ser para os seguidores da seita, dispostos a se imolar por um presidente que virou consultor do PL. A faixa? Você gostaria de receber a faixa das mãos dele? Ora ora ora. Oremos!
Ufa. Sabe aquela história de 100 anos de sigilo?
Acabou.
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