sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Lula precisa desarmar golpismo e mandar militares de volta aos quartéis


No Dia de Finados, bolsonaristas clamam por golpe em frente ao Comando Militar do Leste

A quarta-feira foi amarga para os patriotas que se aboletaram diante dos quartéis à espera de um novo golpe militar. Depois de meses de suspense, o Ministério da Defesa divulgou seu aguardado relatório sobre a urna eletrônica. O documento dizia o óbvio: as máquinas funcionam e não há qualquer indício de fraude na contagem dos votos.

“Tomamos chuva à toa?”, questionou um bolsonarista desiludido no Twitter. As redes do ministério foram bombardeadas com outras mensagens de desgosto. O empresário que se pendurou no para-brisa de um caminhão, inconformado com a vitória de Lula, ainda não foi localizado para opinar.

O factoide da inspeção nas urnas expôs as Forças Armadas a mais um vexame. Para atender os interesses de Jair Bolsonaro, elas gastaram tempo e dinheiro público numa auditoria inútil. Agora são cobradas por saudosistas da ditadura que sonham com uma quartelada em pleno século XXI.

Ninguém obrigou os generais a se engajarem no projeto do capitão. Eles mergulharam de cabeça porque viram em Bolsonaro um atalho para voltar ao poder. A aposta se mostrou lucrativa. Os militares abocanharam mais de 6 mil cargos civis, garantiram novos privilégios na Previdência e embolsaram salários e gratificações acima do teto.

Nos últimos meses, a cúpula militar endossou os ataques do presidente ao voto eletrônico. O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, agiu abertamente para desacreditar o sistema e emparedar a Justiça Eleitoral. Depois da derrota, foi obrigado a reconhecer que não tinha provas a apresentar.

Ontem a pasta ensaiou um recuo para reanimar a militância bolsonarista. Em nota, alegou que a auditoria, “embora não tenha apontado, também não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas”. O contorcionismo virou piada nas redes e foi solenemente ignorado pelo ministro Alexandre de Moraes, que deu o assunto por encerrado.

O presidente eleito classificou todo o episódio como “humilhante” para as Forças Armadas. Ele tem razão, mas não precisará apenas de palavras para desmilitarizar o governo. Entre outras tarefas, terá que restabelecer o controle civil sobre o Ministério da Defesa e banir de vez as homenagens ao golpe de 1964. Além de convencer os oficiais a se afastarem da política e retornarem aos quartéis.

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