Pilhado em flagrante num áudio em que sua voz soou como uma autêntica vivandeira de quartel, o ministro do TCU Augusto Nardes disse ter feito apenas uma análise da conjuntura para um grupo de amigos. Tudo "dentro da democracia e da liberdade de expressão." A democracia pressupõe respeito ao resultado das urnas. A liberdade dá ao cidadão o direito de fazer tudo o que as leis permitem. E as leis não autorizam a contestação golpista de eleições legítimas. Dirigindo-se a amigos do agronegócio, o ministro declarou num grupo de WhatsApp que "está acontecendo um movimento muito forte nas casernas". Previu um "desenlace muito forte", de consequência "imprevisíveis". Afirmou que Bolsonaro "certamente terá condições de enfrentar o que vai acontecer no país".
O que vai acontecer no país, como sabem todos os brasileiros que não contraíram erisipela mental, é a posse de Lula no dia 1º de janeiro. Mas Augusto Nardes parece acreditar que algo diferente pode acontecer, tem que acontecer, vai acontecer. Bolsonaro submeteu parte dos agentes públicos brasileiros —civis e militares— a um processo de apatifamento. "Apatifar", informam os dicionários, significa tornar desprezível, aviltar, envilecer. Pessoas podem se apatifar. Um pedaço da sociedade também pode se apatifar. Ou se apatifado por uma infecção virtual. O que não se admite é que o apatifamento seja remunerado pelo contribuinte. Se deseja conspirar contra as urnas, o ministro Nardes deveria pedir demissão do TCU e acampar na frente do QG do Exército, sujeitando-se à chuva e às leis, como os outros golpistas. A presença do golpismo na folha do TCU leva o processo de apatifamento às fronteiras do paroxismo.
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