No universo das transações políticas todos são pagos em duas moedas: "toma lá" e "dá cá". Lula acreditava ter fechado um bom negócio ao desatar com o senador Davi Alcolumbre os nós do apoio legislativo do União Brasil. Meteu-se, porém, num acordo descalibrado. Nele, há muito "toma lá" e pouco "dá cá".
Um membro da direção do União Brasil disse à coluna: "Davi Alcolumbre vendeu um terreno na Lua para o Lula. Dias atrás, vi uma declaração estranha do Randolfe Rodrigues [líder de Lula no Congresso]. Segundo ele, o Davi se comprometeu a entregar ao governo a maioria dos votos do União Brasil na Câmara e no Senado. Creio que o Randolfe comprou um lote em Saturno."
No domingo, Lula empossou três representantes do União Brasil: o ex-governador do Amapá Waldez Góes (Integração Nacional), o deputado maranhense Juscelino Filho (Comunicações) e a deputada fluminense Daniela do Waguinho (Turismo). A despeito da suposta representatividade, o partido declara-se "independente".
Indicado por Alcolumbre, Waldez é filiado ao PDT. Licenciou-se da legenda. O governo supunha que mudaria de partido. "Não recebemos a ficha de filiação", disse o cacique do União Brasil. "Pior: soube que o Waldez não cogita abandonar o PDT."
Sobre Juscelino, outro nome que Alcolumbre soprou para Lula, o dirigente do União Brasil afirmou: "O partido não queria o Ministério das Comunicações. A maioria preferia outras pastas e outros nomes."
De resto, atribui-se a Lula, não à direção do União Brasil, a escolha de Daniela do Waguinho —agora pendurada no noticiário como um elo miliciano que dá ao novo Ministério do Turismo uma aparência de pão dormido.
Quem ouve os integrantes da cúpula do União Brasil fica com a impressão de que esperam que Lula pague duas vezes pelo apoio da legenda, entregando novos cargos no segundo escalão dos ministérios e até em diretorias de estatais. A história mostra que, nesse tipo de transação, entre o "toma lá" e o "dá cá", o brasileiro entra com o bolso.
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