sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Defesa de Bolsonaro no TSE sobre minuta golpista ofende inteligência alheia



Na sua penúltima petição ao TSE, Bolsonaro pede ao ministro-corregedor da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, que desista de usar a minuta do golpe em uma ação que pode deixá-lo fora das urnas em 2026. No miolo do pedido, a defesa de Bolsonaro enumerou basicamente quatro motivos para que o documento seja desconsiderado. As alegações ofendem a inteligência alheia.

Argumenta-se que (1) o documento seria apócrifo, (2) jamais teria deixado a residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, (3) não foi publicado e (4) não fez a "transposição do mundo do rascunho para o da realidade." Nesse enredo, o esboço da intervenção no TSE, com anulação da vitória de Lula e a formação de uma junta comandada por militares não teria nada a ver com a ação na qual o TSE a inseriu. Uma ação que pede a cassação dos direitos políticos de Bolsonaro por ter abusado do poder na reunião em que contou mentiras sobre o sistema eleitoral para embaixadores estrangeiros, em julho do ano passado.

No fundo, Bolsonaro pede ao TSE que faça como ele, se fingindo de bobo pelo bem do seu plano de retornar à Presidência em 2026. Intimado a depor na quarta-feira, Anderson Torres preferiu ficar em silêncio. Diz-se que abrirá o bico na segunda-feira. A cada minuto que o ex-ministro de Bolsonaro permanece preso sem dar uma boa explicação, a falta de nexo do ex-chefe aumenta. Mal comparando, a minuta do golpe ficou parecida com um elefante.

Ao atacar as urnas, Bolsonaro deu à luz o elefante. Ao envolver as "minhas Forças Armadas" na guerra contra o TSE, o capitão deu de mamar ao elefante. Quando se recusou a reconhecer a vitória de Lula, Bolsonaro soltou o elefante nas ruas. O animal acampou na porta do quartel e invadiu os Três Poderes em 8 de janeiro, destruindo tudo o que viu pela frente.

Acionada, a Polícia Federal encontrou o elefante escondido dentro do armário de Anderson Torres. Bolsonaro pede ao TSE e ao país que finjam que o elefante não existe. O problema de certos espetáculos é que a plateia não foi bem ensaiada para fazer o papel de idiota.

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