Num instante em que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes monopoliza os holofotes, um outro magistrado conduz ações que podem ser radioativas para Bolsonaro como um maestro de orquestra, de costas para o público. Sem alarde, Benedito Gonçalves, ministro-corregedor do TSE, toca 15 ações de investigação judicial eleitoral contra o capitão. Ouvidos pela coluna, dois colegas de Benedito avaliam que o trabalho do ministro levará à cassação dos direitos políticos de Bolsonaro. Algo que o impediria de disputar eleições por oito anos.
Há no TSE a expectativa de que será anexada a processos contra Bolsonaro a minuta golpista de decreto apreendida pela Polícia Federal na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Isso pode acontecer por iniciativa dos autores das ações, do Ministério Público Eleitoral ou por requisição do próprio relator. No limite, o documento pode ser compartilhado com Benedito pelo seu amigo Alexandre Moraes, que preside o TSE e comanda no Supremo o inquérito de onde partiram as ordens de prisão e de busca e apreensão contra Anderson Torres.
Para desassossego de Bolsonaro, o algoz Benedito Gonçalves é próximo ao PT e desfruta da admiração de Lula. Está na fila dos cotados à indicação para uma cadeira no Supremo. Há dois dias, participou como convidado ilustre, no Planalto, da posse conjunta das ministras Sônia Guajajara (Povos Indígenas) e Anielle Franco (Igualdade Racial). Durante a solenidade, Lula sancionou projeto que equipara o crime de injúria racial ao de racismo. Foi elaborado por comissão de juristas presidida por Benedito, que recebeu cumprimentos de Lula.
O julgamento de ações eleitorais costuma ser demorado. Coisa de dois a três anos. Benedito Gonçalves diz em privado que planeja subverter essa tradição. O ministro pisa no acelerador.
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