Foto oficial na cerimônia de posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto com os ministros Imagem: Tânia Rego/Agência Brasil |
Lula precisa de decisões drásticas que diminuam rapidamente o espaço entre seus ministros e o ato de governar. Para evitar que se dissemine a impressão de que o novo governo gastará mais tempo e energia falando dos problemas do que enfrentando-os, Lula convocou para esta sexta-feira a primeira reunião ministerial.
No miolo econômico da nova gestão, Fernando Haddad olha para a direção certa e sinaliza que responsabilidade fiscal não é empecilho para investimento social. Remando em sentido contrário, colegas de Haddad demonstram que o maior déficit do governo está situado não nas contas nacionais, mas entre as orelhas de certos ministros. Alguns deles não têm soluções a oferecer. Entretanto, tomados pela incontinência retórica, parecem admirar os problemas.
Por exemplo: o ministro Carlos Lupi quer virar do avesso a reforma da Previdência aprovada sob Bolsonaro. Distorcendo fatos e misturando números, Lupi repete a fábula segundo a qual o déficit da Previdência não existe. Autorizado por Lula, o chefe da Casa Civil Rui Costa desligou Lupi da tomada. "Não há nenhuma proposta sendo analisada neste momento para revisão de reforma, seja previdenciária ou outra."
Ao incluir na desautorização outras reformas além da previdenciária, Rui Costa tenta aplicar um sedativo no noticiário sobre o desejo de parte do governo de rasgar o marco do saneamento básico. Sob o mesmo guarda-chuva revisionista encontra-se o ímpeto da pasta do Trabalho de rever tópicos de uma reforma trabalhista aprovada sob Temer e que o Supremo Tribunal Federal está na bica de avalizar.
No último domingo, a coisa parecia fácil. Tão fácil que Lula, beneficiado pela fuga do antagonista para a Disney, discursou prometendo reconstruir o que foi demolido por Bolsonaro e enviou ao Diário Oficial na sequência o pacote do revogaço.
Depois que Lula tirou do caminho armadilhas, tiros e bombas do antecessor, o governo passou a desperdiçar a sua hora confundindo o reexame de bolsonarices com a revisão de reformas aprovadas com os votos de três quintos do Congresso Nacional e absorvidas pela sociedade.
Em apenas três dias, a frente ampla de Lula ganhou uma incômoda aparência de balbúrdia.
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