No despacho em que determinou o afastamento de Ibaneis Rocha do governo do Distrito Federal por 90 dias, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes rechaçou em timbre ácido a ideia de contemporização com o golpismo. Traçou uma analogia entre o bolsonarismo e o nazismo. Foi como se aderisse ao movimento "Sem Anistia."
Abespinhado com a invasão das sedes dos Três Poderes pelas falanges de Bolsonaro no domingo, Moraes anotou no Twitter: "A democracia brasileira não irá mais suportar a ignóbil politica de apaziguamento, cujo fracasso foi amplamente demonstrado na tentativa de acordo do então primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain com Adolf Hitler". A referência evoca uma passagem de setembro de 1938.
Chamberlain, então primeiro-ministro da Inglaterra, defendia a tese do "apaziguamento" com Hitler. Suas teorias o levaram a Munique. Ali, participou de negociação que entregou parte da Tchecoslováquia aos alemães. Em março de 1939, Hitler tomou o resto.
No ano seguinte, sentou-se na cadeira de primeiro-ministro inglês Winston Churchill, um dos principais responsáveis pela vitória aliada contra o terror nazista. Chamberlain desceu ao verbete da enciclopédia como cultor da ideia de apaziguar com quem merece enfrentamento.
O bolsonarismo golpista terminou de empurrar Moraes, o Xandão, para a trincheira oposta. Ele escreveu: "Absolutamente todos serão responsabilizados civil, política e criminalmente pelos atos atentatórios à Democracia, ao Estado de Direito e às instituições."
Para o ministro, a lei precisa alcançar inclusive quem agiu por "dolosa conivência - por ação ou omissão - motivada pela ideologia, dinheiro, fraqueza, covardia, ignorância, má-fé ou mau-caratismo." Moraes arrematou: "A Democracia brasileira não será abalada, muito menos destruída, por criminosos terroristas."
O abalo à democracia já se concretizou. Para impedir que seja destruída, é preciso assegurar a punição dos criminosos. Todos eles, a começar de Bolsonaro.
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